quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

Pensamento como Liberdade

"O cristão comum. — Se o cristianismo tivesse razão em suas teses acerca de um Deus vingador, da pecaminosidade universal, da predestinação e do perigo de uma danação eterna, seria um indício de imbecilidade e falta de caráter não se tornar padre, apóstolo ou eremita e trabalhar, com temor e tremor, unicamente pela própria salvação; pois seria absurdo perder assim o benefício eterno, em troca da comodidade temporal. Supondo que se creia realmente nessas coisas, o cristão comum é uma figura deplorável, um ser que não sabe contar até três, e que, justamente por sua incapacidade mental, não mereceria ser punido tão duramente quanto promete o cristianismo."

"Por que haverá alguém de envergonhar-se de seu corpo quando este é perfeitamente sadio e capaz de desempenhar as suas funções? Não seria verdade, porventura, que uns poucos neuróticos tivessem primeiro concebido a doutrina do pecado original para justificar as próprias neuroses e que todas as gerações subsequentes de homens normais tivessem seguido pensadores anormais como estúpidos carneiros? Não era a nossa moralidade uma fraude? Não era a felicidade o desígnio da vida? A religião, longe de ser uma aceitação é uma negação da vida."

Friedrich Nietzsche



A religião pode ser comparada a alguém que pega um cego pela mão e o guia, pois este é incapaz de enxergar por si próprio, tendo como preocupação chegar ao seu destino, não observar tudo pelo caminho.
Arthur Schopenhauer



O meu ateísmo - e digo meu porque faço dele o que eu quiser - é um ato subsersivo à dogmática religiosa que nos impõe a maneira correta de crer.
Veja bem, eu disse "a maneira correta de crer".

Não sou desacreditada das coisas metafísicas ou divinas.
Tenho fé.
Uma fé que se materializa no "parecer bom" e no "fazer o bem", e em um ser divino - digamos Deus por ser um denominação universal - que não me punirá por meus atos ruins, não se vingará quando eu errar, mas me dará amparo e inspiração.
Eu não preciso discutir isso com ninguém.

É essa a essência de boa parte das religiões, só que estas retorcem todo esse ideal de tal forma que inserem nessa caminhada diversos elementos secundários que acabam prendendo o acreditador - pois dizer "believer" não soaria modesto, e dizer "crente" soaria preconceituoso - a essas circunstâncias acessórias, motivado pelo fato de quem, cumprindo-as, estaria mais próximo do ideal "principal".

Existem os religiosos iluminados, que não usam a ideologia religiosa como fundamento de segregação, que conseguem ver por detrás das sombras da caverna e se relacionam com tantas outras pessoas que pensam da mesma maneira que a minha, ou mais simplista ou não.
A esses, as minhas saudações.

Abstraia e reflita neste post, e da mesma forma também na conclusão a seguir.
Liberte-se

“Quanto ao mais, irmãos, tudo o que é verdadeiro, tudo o que é honesto, tudo o que é justo, tudo o que épuro, tudo o que é amável, tudo
o que é de boa fama, se há alguma virtude e se há algum louvor, nisso pensai.” — Paulo. (FILIPENSES, CAPÍTULO 4, VERSÍCULO 8.)

Todas as obras humanas constituem a resultante do pensamento das criaturas. O mal e o bem, o feio e o belo viveram, antes de tudo, na fonte mental que os produziu, nos movimentos incessantes da vida.
O Evangelho consubstancia o roteiro generoso para que a mente do homem se renove nos caminhos da espiritualidade superior, proclamando a necessidade de semelhante transformação, rumo aos planos mais altos. Não será tão-somente com os primores intelectuais da Filosofia que o discípulo iniciará seus esforços em realização desse teor. Renovar pensamentos não é tão fácil como parece à primeira vista. Demanda muita capacidade de renúncia e profunda dominação de si mesmo, qualidades que o homem não consegue alcançar sem trabalho e sacrifício do coração.

É por isso que muitos servidores modificam expressões verbais, julgando que refundiram pensamentos. Todavia, no instante de recapitular, pela repetição das circunstâncias, as experiências redentoras, encontram, de novo, análogas perturbações, porque os obstáculos e as sombras permanecem na mente, quais fantasmas ocultos.

Pensar é criar. A realidade dessa criação pode não exteriorizar-se, de súbito, no campo dos efeitos transitórios, mas o objeto formado pelo poder mental vive no mundo íntimo, exigindo cuidados especiais para o esforço de continuidade ou extinção.

O conselho de Paulo aos filipenses apresenta sublime conteúdo. Os discípulos que puderem compreender-lhe a essência profunda, buscando ver o lado verdadeiro, honesto, justo, puro e amável de todas as coisas, cultivando-o, em cada dia, terão encontrado a divina equação.

Francisco Cândido Xavier. Esp. Emmanuel. Fonte Viva. Cap. 15

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