terça-feira, 5 de outubro de 2010

segunda-feira, 4 de outubro de 2010

E seu Deus? É matéria ou imaterialidade pura?

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Caminhando pela rua e perdida em aleatoriedades, li uma frase em um carro que muito me chamou a atenção. Sem entrar em pormenores, era um veículo muito novo e bem cuidado pelo dono que, em sentimento de gratidão, colocou um adesivo, não discreto, no vidro detrás, escrito: “Presente de Deus”.

Presente de Deus? – indaguei.

Presente de Deus? – re-indaguei, se é que isso realmente existe, tentando organizar os pensamentos, os quais mal consigo colocar aqui.

Se eu fosse buscar de Deus algum “presente”, eu recorreria a essa força imensa, misteriosa e etérea para buscar coisas imateriais das quais eu não teria confiança suficiente para adquirir. Uma graça, uma mente tranqüila, paz de espírito e até mesmo sabedoria.

Mas como pedir a um ser imaterial para que este me conceda algo puramente material, que está na lista platônica das coisas mundanas, terrenas, humanas e quando não, são puro reflexo de um desejo capitalista-consumeirista no qual as mais diversas religiões tentam reprimir?

Presente de Deus?

Não é ingratidão refletir que uma conquista material resultou de muito esforço ou de uma eventualidade que costumeiramente denominamos "sorte". Que foi fruto de um investimento financeiro com bons rendimentos (ou não), de uma transação comercial bem suscedida (ou não) ou de qualquer meio que o tornasse capaz de adquirir o bem tão estimado.

Meu problema reside no fato de pessoas se acharem mais merecedoras que outras, seja porque sua religião incute essa idéia, seja porque sozinha - influenciada por seus próprios pensamentos - ela consegue chegar a conclusão que é melhor que todas as outras.

Que apenas porque ela é devota a um certo tipo de fé, obterá preferência aos olhos do divino em detrimento àqueles que não o são.

HEIN?

Aprendi no catecismo - olha minhas raízes cristãs - que todos somos irmãos, filhos de um mesmo pai.

O amor divino não é absoluto, não somos todos iguais, pecadores ou não?

Oras, não O é onipotente e onipresente?

Então porque ampara uns mais que os outros?

Porque pune seus filhos?

Indago a vós: Quem peca mais, é menos benquisto? Mas o pecado não é uma desgraça humana e, penso eu, inventado pela humanidade como um critério moral, de forma medir a quantidade de devoção de um indivíduo, ou entregá-lo nos braços da perdição?

Nenhuma igreja responde a essas perguntas.

Claro, busco respostas que vão além da objetividade falsa do "porque sim".

Na melhor das hipóteses, mostra-se como bom norte recorrer (claro, a quem o crer) ao Ser Divino para ajudar nas soluções que a mente humana, ignorante e cavernosa, é incapaz de solver sozinha. Falo das imaterialidades das quais a humanidade acredita não ser capaz de alcançar sozinha.

Para todas as outras intempéries que surgirem em seu caminho, uma boa dose de determinação com três gotas de esforço deve bastar.