terça-feira, 30 de novembro de 2010

"Não somos nós [ateus] que estamos definindo um deus e afirmando que ele não existe, nós estamos respondendo a afirmaçoes de que deus existe"

Não se trata de um terreno moralmente seguro afirmar categoricamente que Deus não existe. A ponto é questionar as afirmações que são feitas a respeito da existência de Deus.
Você acredita, com absoluta certeza, que Deus existe?
"Certeza absoluta é uma distração"
Nós não podemos saber nada com uma certeza absoluta, e tais certezas categóricas são algo que tenho fé que não existem.
Ao menos não estão no campo humano para serem constatadas, e sim, é uma perspectiva platonista.

Não há uma verdade absoluta se Ele existe ou não, mas com indagações e análises podemos chegar a verdades prováveis a respeito daquilo que nos é posto.
Não há uma verdade absoluta acerca de OVNIS, possessões em templos religiosos, exorcismos, milagres, justiça.

A verdade é que as nossas crenças nos guiam, e o que o vídeo nos ensina é que deve-se buscar a coerência entre crer no que é real e crer no que não é.
Se confio cegamente nas minhas crenças, isso me impede de refutá-las para saber se são verdadeiras ou não!
A crença pode causar-me tamanho temor que eu chegue a ter receio de indagar!
Mas se eu sigo uma crença, livre e consciente do poder de questioná-la, chegando ao ponto de ter o mínimo de crenças falsas possíveis, acredito ser um caminho certo a seguir.

Não sou extremista.
Ante a minha convicção, Deus existe e - embora eu não tenha como saber de tudo - encontro dificuldades pessoais em questionar a sua existência. Por isso construo a minha crítica a partir da religião, que materializam - cada uma - seu próprio Deus em argumentos que muitas das vezes não se consegue comprovar.




Vídeo retirado do ateus.net

sábado, 27 de novembro de 2010

"O problema mais gritante de sistemas absolutistas, como os Dez Mandamentos, é que, quando há mais de uma regra absoluta, torna-se possível o surgimento de conflitos entre elas. Assim, poderíamos perguntar se é algo apropriado assassinar para prevenir um roubo. É permitido roubar para prevenir um assassinato? Deveríamos mentir se tivéssemos uma boa razão para acreditar que a verdade faria com que o indivíduo morresse de ataque cardíaco? É apropriado mentir para evitar ser assassinado?
É lícito quebrar o sábado santo para salvar a vida de alguém? Seria correto roubarmos um carro se soubéssemos que isso evitaria que seu dono trabalhasse no sábado santo ou matasse alguém? Deveríamos honrar a vontade de nossos pais se eles nos pedissem para quebrar algum dos outros mandamentos? Deveríamos roubar nossos pais se, ao fazê-lo, talvez estivéssemos prevenindo um assassinato? Todos os tipos de dilema como esses são possíveis. (…) Isso demonstra que não podemos viver baseados em princípios absolutos e abstratos. Precisamos relacioná-los à vida e às necessidades humanas."


Frederick Edwords

sexta-feira, 26 de novembro de 2010

Olá

Não me importa em falar sem ser ouvido, o que, aliás, tem sido a contextualização mais comum no mundo virtual.
Ainda sim, vamos às apresentações.

Este blog é novo, mas seu conteúdo, nem tanto.
É porque desgostei do "devaneios de mytra" e ante o insucesso em alterar o endereço do blog sem modificar o conteúdo, fiz um novo.
A proposta é a mesma: divagar sobre assuntos que eu ache interessante.
Só que agora, com uma direção: o pensar como forma de nos libertar, seja lá no que estivermos presos: do falso óbvio, da moral e do pensamento.

Não apenas no campo da religião - embora até este momento, seja o assunto maior aqui - , mas de qualquer crença que esteja presente no nosso cotidiano. O questionamento sobre o dia a dia.
Agora com um foco, embora o conteúdo antigo pode não ter muito sentido, mas eu vou mantê-lo.

Com tantos endereços para blogs por aí, porque escolhi hospedá-lo no blogger, de novo?
A resposta é mais simples do que cara de pau: por pura comodidade.

Seja bem vindo!
Nesta casa, as portas sempre estarão abertas.


"Homens convictos são prisioneiros."
Friedrich Nietzsche

segunda-feira, 22 de novembro de 2010



Muito além, nos confins inexplorados da região mais brega da Borda Ocidental desta Galáxia, há um pequeno sol amarelo e esquecido.
Girando em torno deste sol, a uma distância de cerca de 148 milhões de quilômetros, há um planetinha verde-azulado absolutamente insignificante, cujas formas de vida, descendentes de primatas, são tão extraordinariamente primitivas que ainda acham que relógios digitais são uma grande idéia.
Este planeta tem ― ou melhor, tinha ― o seguinte problema: a maioria de seus habitantes estava quase sempre infeliz. Foram sugeridas muitas soluções para esse problema, mas a maior parte delas dizia respeito basicamente à movimentação de pequenos pedaços de papel colorido com números impressos, o que é curioso, já que no geral não eram os tais pedaços de papel colorido que se sentiam infelizes.
E assim o problema continuava sem solução. Muitas pessoas eram más, e a maioria delas era muito infeliz, mesmo as que tinham relógios digitais.
Um número cada vez maior de pessoas acreditava que havia sido um erro terrível da espécie descer das árvores. Algumas diziam que até mesmo subir nas árvores tinha sido uma péssima idéia, e que ninguém jamais deveria ter saído do mar.
E, então, uma quinta-feira, quase dois mil anos depois que um homem foi pregado num pedaço de madeira por ter dito que seria ótimo se as pessoas fossem legais umas com as outras para variar, uma garota, sozinha numa pequena lanchonete em Rickmansworth, de repente compreendeu o que tinha dado errado todo esse tempo e finalmente descobriu como o mundo poderia se tornar um lugar bom e feliz. Desta vez estava tudo certo, ia funcionar, e ninguém teria que ser pregado em coisa nenhuma.
Infelizmente, porém, antes que ela pudesse telefonar para alguém e contar sua descoberta, aconteceu uma catástrofe terrível e idiota, e a idéia perdeu-se para todo o sempre.
Esta não é a história dessa garota.
É a história daquela catástrofe terrível e idiota, e de algumas de suas conseqüências.
É também a história de um livro, chamado O Guia do Mochileiro das Galáxias ― um livro que não é da Terra, jamais foi publicado na Terra e, até o dia em que ocorreu a terrível catástrofe, nenhum terráqueo jamais o tinha visto ou sequer ouvido falar dele.
Apesar disso, é um livro realmente extraordinário.
Na verdade, foi provavelmente o mais extraordinário dos livros publicados pelas grandes editoras de Ursa Menor ― editoras das quais nenhum terráqueo jamais ouvira falar, também.
O livro é não apenas uma obra extraordinária como também um tremendo best-seller ― mais popular que a Enciclopédia Celestial do Lar, mais vendido que Mais Cinqüenta e Três Coisas para se Fazer em Gravidade Zero, e mais polêmico que a colossal trilogia filosófica de Oolonn Colluphid, Onde Deus Errou, Mais Alguns Grandes Erros de Deus e Quem É Esse Tal de Deus Afinal?
Em muitas das civilizações mais tranqüilonas da Borda Oriental da Galáxia, O Guia do Mochileiro das Galáxias já substituiu a grande Enciclopédia Galáctica como repositório-padrão de todo conhecimento e sabedoria, pois ainda que contenha muitas omissões e textos apócrifos, ou pelo menos terrivelmente incorretos, ele é superior à obra mais antiga e mais prosaica em dois aspectos importantes.
Em primeiro lugar, é ligeiramente mais barato; em segundo lugar, traz impressa na capa, em letras garrafais e amigáveis, a frase NÃO ENTRE EM PÂNICO.
Mas a história daquela quinta-feira terrível e idiota, a história de suas extraordinárias conseqüências, a história das interligações inextricáveis entre estas conseqüências e este livro extraordinário ― tudo isso teve um começo muito simples.
Começou com uma casa.

ADAMS, Douglas. Guia do Mochileiro das Galáxias: Volume um da trilogia de cinco.

domingo, 21 de novembro de 2010

“Somente uma coisa é necessária”… Que todo homem, por possuir uma “alma imortal”, tenha tanto valor quanto qualquer outro homem; que na totalidade dos seres a “salvação” de todo indivíduo um possa reivindicar uma importância eterna; que beatos insignificantes e desequilibrados possam imaginar que as leis da natureza são constantemente transgredidas em seu favor — não há como expressar desprezo suficiente por tamanha intensificação de toda espécie de egoísmos ad infinitum, até a insolência. E, contudo, o cristianismo deve o seu triunfo precisamente a essa deplorável bajulação de vaidade pessoal — foi assim que seduziu ao seu lado todos os malogrados, os insatisfeitos, os vencidos, todo o refugo e vômito da humanidade. A “salvação da alma” — em outras palavras: “o mundo gira ao meu redor”…


Friedrich Nietzsche