sexta-feira, 7 de novembro de 2008

O que há de bonito a ser mostrado que ainda não foi visto?

Hoje me deparei com essa pergunta, pois eu, na minha mania "maníaca" de observar, percebi que as pessoas fazem sempre as mesmas coisas, caem sempre nas mesmas situação e permeiam suas vidas de atos repetidos. Isso não cansa?

Será que o desejo de ser surpreendido é apenas superficial?
Superficial, porque no fundo, queremos apenas que a situação se repita, queremos apenas que o aconteceu com o outro, aconteça também conosco, e chegamos a implorar por isso, ainda que internamente.

Certamente já nos deparamos com a satisfação de ter feito algo novo. É natural do homem, nos sentimos renovados e capazes de fazer tudo de novo, ou algo tão substancial quanto. Mas será que era realmente novo - essa coisa, ato - ou não passava de um ato realizado por uma vontade que o motivou, fazendo assim com que ele fosse diferente de todos os outros atos - mas no fundo, tão profundamente semelhante a eles.

Queremos que as pessoas à nossa volta nos façam uma surpresa, nos surpreendam - já que escolhi essa como a palavra-tema -, mas qual o motivo de querermos isso? Se no final, criaremos expectativas deduzindo exatamente que realmente esperamos que os outros façam aquilo que sempre fazem por nós, que o ato que almejamos ver se trata apenas da repetição de algo qeue já aconteceu.

Todas as situações que imaginei me levaram a isso. E é óbvio que não tenho o controle sobre todas as situações existentes, inclusive comigo, portanto há possibilidade de eu ser refutada. Mas, e para todas as outras maioria das vezes?

Eu espero um sorriso de alguém que sei que já sorriu. Eu espero um telefonema, porque sei que alguem já ligou. Eu erro tantas vezes, e ainda sim sinto que isso não tem fim.

Quem nunca viu um "milagre", quem nunca viu um olhar emocionante? E quem nunca sentiu um sentimento bom, tão forte a ponto de doer o peito?
Isso não é novidade e acontece com todo mundo. Então, o que é belo nessa vida? Ond reside a beleza, tema dos poetas e doce nas lábios dos menestréis?

Volto a minha pergunta inicial, como um eterno retorno filosófico, a jornada cíclica.
Porque o desconhecido é belo, é puro, é neutro. O que esperar daquilo que ainda não vi, nem senti?

O que há de bonito a se mostrar que ainda não foi visto?
Não sei você, mas a minha resposta a essa pergunta pode parecer um tanto sóbria e existencialista, porque o envelhecer e o amadurecer não é belo, a não ser pelos olhos dos doces sonhadoras. Mas até mesmo eles sentirão que um dia as coisas acontecem, e os sonhos se esvaem. Ao pensar que o amadurecimento é caminho que trilhamos ao fim, afasta-se a possibilidade de ele querer ser contemplado e apreciado.

O que nos remete a uma outra idéia: todas essas coisas dependem do filtro que usamos. E não há filtro mais reconfortante, porém mais doloroso, do que o da realidade.

Já parou para pensar no que você deseja, sob um parâmetro imediatista, pensar em todas as manhãs? Como deseja acordar e o que gostaria de fazer antes de dormir? E como projeta sua vida para daqui a 1, 3 ou 5 anos, exatamente nesse mesmo dia e local?
Estaria, antes de tudo, satisfeito? Suspreendido? Frustrado?

Depois de pensar nisso, sugeriria uma reflexão profunda a respeito das mesmas questões.

No final de tudo, refaçam a pergunta-tema.

Reflitam.