sábado, 5 de agosto de 2006

O Grito

O grito é a libertação metafórica de tudo aquilo que nos limita.
Cuspir as dores, externalizar o que está contido.
Libertar os demônios aprisionados.

A liberdade é em si utópica, por que por mais que você seja livre totalmente, se prenderá algum dia a idéia obssessiva de sua própria liberdade, voltando ao status quo ante.

Mas gritar alto - arranhando a garganta - é como se todo o ressentimento e frustração fossem liberados de forma agressiva, gerando uma sensação de satisfação e alívio contrária ao choro, que geralmente nos leva a angústia.

Porque precisamos fazer coisas que não queremos fazer?
Simplesmente porque temos de fazer?

Ganhamos uma paz utópica, uma liberdade utópica e um mundinho utópico.
Somos malucos!
Somos tão rigorosos com nós mesmos sobre alguns comportamentos que envolvem ética, moral e religião, e, em outro ambiente onde nem precisamos mostrar nada a ninguém, ligamos o botão do fodas e fazemos aquilo que esteve guardado lá no fundinho da consicência... aquela idéia maluca e perversa, e hum... deliciosa!

Por isso eu grito - ao menos tento.
Porque somos loucos... somos o fruto de nossa propria loucura e todos os dias, graças a nós, enlouquecemos ainda mais!

segunda-feira, 24 de abril de 2006

Devaneio maculado de tanta profundidade

Sei que serei esquecida
Assim é a lei da vida
Um sonho doce e profundo
Dura apenas um segundo
Amor, paixão e amizade
Doidos sonhos se realizarão
E restam apenas saudades
Soluções de um só coração"

Uma amiga escreveu isso, há 12 anos atrás, quando ela brigou com a sua melhor amiga. Nenhum dos sujeitos se refere a minha pessoa, mas este poema chegou até mim, por razões que não interessam para o momento*.

Hoje meu ser foi preenchido por uma angústia. É como se eu tivesse perdido alguma coisa.
Mas o que afinal perdi?
Perde-se coisas das quais possuo propriedade, minhas coisas.
Se não são minhas, portanto não as perdi, simplesmente porque nunca fui dona delas. E se foram perdidas, é porque jamais eram para ser minhas.
(um pensamento que conforta)

Mas não sei, lembrei desse poema e imediatamente a imagem do meu avatar**, com esses efeitos, me voltou a mente.
Doeu mentalizar essa imagem e esses versos, misteriosamente foram reflexo de tudo o que eu senti na hora.
Ela grita por que está pressionada por suas próprias exigências Ela grita porque algo foi-lhe arrancado.
Talvez algo do qual sentirá muita saudade
Talvez por uma lembrança que, voltada a tona depois de tanto tempo, doeu.
Talvez uma simples realidade fantasiada de estigma.
Ela grita por não conseguir ser perfeita o bastante para as pessoas importantes que estão a sua volta.
Não suprir às expectativas é um pensamento que aprisiona.
Enfim, ainda não encontrei o que perdi, muito menos sei se o que foi perdido, era meu ou eu sempe achei que fosse.

Como dizia o bom e velho Iron:
"Fly, on your way, like an eagle. Fly as right, as the sun"
Voarei tão alto quanto o sol...




* Nos tempos de escola, o que antes era tido como ensino fundamental, algumas meninas da minha classe tinham o costume de comprar um pequeno caderno, enfeitá-lo com adornos infantis dos mais graciosos, e passá-lo, de menina para menina, para que cada uma inserisse um poema - não importasse também o quão juvenil fosse. Não me recordo de ter escrito nada romântico, e também não me lembro do meu caderno sendo o mais requisitado.

** Divagações à parte, a imagem trata-se de Vibeke Stene, ex-vocalista da banda norueguesa Tristania, a qual sou fã.

quinta-feira, 2 de março de 2006

Reflexões pós-Nietzchianas

"A vida é um constante suicídio"
F. Nietzsche

Um constante caminhar para um abismo.
Quanto mais nos aproximamos das pessoas e temos a oportunidade de nos descobrir, mais nos machucamos.
Não se sabe se a descoberta mais dolorosa é a de quem caminha junto com você, tendo em vista uma descoberta profunda sobre essa pessoa, ou se é a de si próprio.
Mas a necessidade de viver em eterno compartilhamento com outros indivíduos é comum da natureza humana, portanto, por mais que detestemos estar sempre em companhia de alguém - mesmo que seja desagradável - isso será constante ao menos que queiramos dar um fim a tudo.
A convivência é um mal necessário, e somente com ela é que se aprende a viver.

Somos humanos, e da perspectiva existencial, começamos a "existir" a partir do momento que pensamos sobre nós, no presente, na projeção de nossas ações no futuro.
Estamos pensando não só em nós mesmos, mas em todos aqueles que gostamos e que cativamos.
Contudo, pensando assim, pensa-se filosoficamente, e portanto, usa-se a razão.
Pensamos com o coração quando, sem temer as consequências de nossas atitudes, seguimos aquele desejo fulminante que nasce do peito e para que determinada coisa seja feita.
Em nenhum dos caminhos, é lógico o arrependimento.
Portanto, aconteça o que acontecer: não deve olhar para trás.